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  • luizangpereira

Dividir


Dividir, uma arte que envolve belas doses de desapego para mostrar sua beleza. Uma habilidade que ao mesmo tempo que nos ensina, nos conecta. Uma capacidade que parece simples, mas que volta e meia se mostra um grande desafio.


Dividir é daquelas atitudes maquiadas de óbvias, que queremos que nossos filhos exerçam logo nos primeiros anos de vida, com quem quer que seja. E se não o fazem de bom grado, nos envergonhamos, nos justificamos e não raramente os punimos.


Mas a verdade é que é difícil compreender na matemática da vida que quando dividimos, ganhamos mais que na soma ou na multiplicação. Primeiro vem a perda. A sensação de que o que era só nosso não é mais.


É a experimentação de deixar ir e ver que a coisa volta, e que junto com ela vem outras mais legais até que o brinquedo em si, que vai desmistificando todo esse treco complexo que é dividir.


É o tempo o professor que ensina que o que partilhamos, continua a nos pertencer.


E então, a vida em sua marotice, se encarrega de mostrar que este é daqueles desafios que consideramos superados e de repente, não estão. Que nem toda experiência de dividir é igual. E que o valor que as coisas têm pra nós faz uma bela duma diferença nessa habilidade que parece pueril.


A maternidade é rainha nesta prova, tanto na arte de aprender a se dividir entre este papel que ocupa uma parcela gorda de quem somos, quando de dividir nosso pequeno grande amor com o mundo. Deixar ser, deixar viver...


E quando pegamos o jeito da coisa, vem o segundo bebê, segurando uma plaquinha “montanha russa”. Com ele, você pode provar a leveza da maternidade de segunda viagem, misturada com a gastura de dividir TUDO. Muito mais que o colo, os braços a mente e o coração. Quem já se sentiu pequena e insuficiente nesse papel levanta a mão?


Mas essa divisão é das mais mágicas. Ela nos expande dum grau que não podemos dimensionar. Reconstrói nossos conceitos de sucesso e felicidade. E principalmente do poder do tempo e de viver um dia de cada vez.


E ao final, questionar até o autor do pequeno príncipe quando diz que o amor é a única coisa que cresce a medida que se reparte. O amor cresce de fato, mas repartir faz crescer muito mais, começando por cada um de nós.

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